A reportagem
é sobre o fato da Universidade de São Paulo (USP) adotar um dispositivo
inédito de diplomas com certificação digital, este modelo estará disponível até o início de 2013. Mas antes alguns
problemas arquivísticos relacionados aos documentos digitais.
Um dos grandes problemas dentro da realidade
arquivística, seria a preservação de elementos característicos de sua
proveniência, unicidade, indivisibilidade, integridade, naturalidade;
ainda mais em documentos digitais. Para conter essa problemática, na
década de 90, a comunidade arquivística internacional deu início aos
primeiros estudos e projetos de pesquisa sobre a produção e preservação
dos documentos digitais (no caso, diplomas com certificação digital). No
Brasil, também cresceu a produção de documentos digitais, surgindo
então uma necessidade de uma participação mais ativa por parte dos
arquivistas na gestão dos
documentos digitais. Criando o Arquivo Nacional e o Conselho Nacional de
Arquivos (CONARQ). Outra questão ainda é levantada sobre a
autenticidade, veracidade e confiabilidade documentos digitais.
![]() |
http://serasa.certificadodigital.com.br/wp-content/uploads/2012/04/usp.jpg |
Lopez, faz uma distinção entre autenticidade e veracidade, afirmando que a "autenticidade está voltada para o processo de criação do documento, a veracidade está ligada diretamente a qualidade das informações que compões este certificado". Os
diplomas com certificação digital são autênticos e verídicos, como diz a
reportagem, onde até o secretário-geral da USP, Rubens Beçak, afirma
que "com isso, vamos conseguir zerar as falsificações”. Mas nem tudo é o
que parece ser. Pois devido a obsolescência dos componentes digitais, a sua preservação não se resume ao armazenamento em condições ideais, logo, esse documento será migrado para outro tipo de formato digital e
possivelmente sofrerá alterações originais, o que
diplomaticamente deixará de ser autêntico.
Outros problemas ligados a produção, gestão, preservação e custódia dos diplomas (e documentos) digitais, ocorre onde muitos desses problemas são relativos aos próprios problemas arquivístico. A análise diplomática nos documentos digitais, que trata das características intrínsecas e extrínsecas, relacionado ao contexto de sua tramitação, é fundamental para solucionar tais problemas, já que visa a validação da autenticidade e legalidade do documento. Várias ferramentas arquivísticas podem ajudar a entender melhor a problemática. Para Lopez, o arranjo é essencial, pois ele "é a organização física de documentos de um fundo de acordo com o princípio da proveniência e com a organicidade da entidade produtora do arquivo", logo os diplomas digitais, como um documento, deve ser analisado a partir de um quadro de funções (num arranjo), e serem articulados num determinado fundo.
Outros problemas ligados a produção, gestão, preservação e custódia dos diplomas (e documentos) digitais, ocorre onde muitos desses problemas são relativos aos próprios problemas arquivístico. A análise diplomática nos documentos digitais, que trata das características intrínsecas e extrínsecas, relacionado ao contexto de sua tramitação, é fundamental para solucionar tais problemas, já que visa a validação da autenticidade e legalidade do documento. Várias ferramentas arquivísticas podem ajudar a entender melhor a problemática. Para Lopez, o arranjo é essencial, pois ele "é a organização física de documentos de um fundo de acordo com o princípio da proveniência e com a organicidade da entidade produtora do arquivo", logo os diplomas digitais, como um documento, deve ser analisado a partir de um quadro de funções (num arranjo), e serem articulados num determinado fundo.
Para Duranti, a documentos legalmente autênticos "son aquellos que suportan una prueba
de sí mismos, a causa de la intervención durante e después de su
criación, de un representante de una autoridad pública que garantiza su
genuidad". Aqui é preciso notar a dificuldade dos documentos digitais em suportar uma prova em si mesmo, devido a sua forma de preservação, confiabilidade e autenticidade. Duranti afirma também que a forma de um documento revela a sua
utilidade, sua função administrativa dentro de cada espécie. Essa forma
pode ser física, que se refere às características externas que fazem o
documento ser capaz de cumprir sua função, ou seja "são as características que constituem a aparência externa dos documentos"; ou intelectual, que se refere aos elementos internos, que fazem o documento ser completo, "são
todos os componentes que garantem sua articulação intelectual que são o
modo de representação do conteúdo e as partes que determinam o teor do
conjunto".
Esse mesmo conceito diplomático, cabe aos documentos digitais,
aliás é por ele que pode se ter a ideia da totalidade do documento. Os
diplomas com certificação digital, que tem por características externas o
próprio software e seu sistema de integração dos diplomas, no
caso, (o suporte, escrita, linguagem, signos especiais, selo e
anotações), faz parte do trâmite e na identificação dos diplomas. Nos
elementos internos (protocolo, texto e "escatolo"), seria a sua própria
informação, o texto ali presente, o que permite ao usuário identificar
quem foi o autor daquele ato, a data, o tipo, a informação contida.
Já o CONARQ, que tem por missão definir a política nacional de arquivos públicos e privados, como órgão central de um Sistema Nacional de Arquivos; e exercer orientação normativa visando à gestão documental e à proteção especial aos documentos de arquivo (site do CONARQ). Com isso, suas resoluções afetam direta e indiretamente os demais arquivos públicos, apesar da USP ser estadual. No que tange aos documentos digitais são as seguintes resoluções:
- Resolução nº 20, de 16 de julho de 2004, diz sobre a inserção de documentos arquivísticos digitais em programas de gestão de documentos.
- Resolução nº 24, de 03 de agosto de 2006, diz sobre transferência e recolhimento dos documentos digitais.
- Resolução nº 25, de 27 de abril de 2007, diz sobre o e-ARQ Brasil.
Segundo Ruipérez, "o modelo de grupo Madrid está dividido em 10 seções: tipo documental, oficina de produção, destinatário, legislação, trâmite, documentos básicos que compõem o expediente, ordenação da série, conteúdo, a vigência administrativa e saída". Nesse trecho, Ruipérez afirma como um modelo demonstra o comportamento de um documento na sua função. Assim, pode-se ter diversos modelos de séries documentais. O que torna bastante importante para um modelo de documentos digitais, pois permite aos diplomas ter o seu próprio formato, mas mantendo a sua produção, trâmite, ordenação da série e saída.
Apesar do corretor
ortográfico do Word não reconhecer, arquivologia é uma ciência que estuda
basicamente os processos de criação, armazenamento e recuperação de informação,
e assuntos correlatos. Nesse contexto, é óbvio que ela trata de documentos de
todo tipo de universo. Sejam eles contábeis, administrativos, jurídicos e
outros. E os elementos que constituem os
documentos independem, na maioria das vezes, do tipo de documento que está
sendo trabalhado. Entretanto, é evidente
que a interdisciplinaridade pode apresentar alguns aspectos específicos de um determinado
modelo ou universo, e é justamente aí que reside a nossa problemática para a
era da produção digital de documentos.
A certificação digital pode garantir a autenticidade de um
documento, assim como os metadados inerentes ao mesmo, mas e a sua veracidade?
Essa se relaciona com o conteúdo e, portanto, não é simples atestá-la. A
investigação do contexto em que o documento foi produzido torna-se mais
difícil.
Como exemplo, é possível falar sobre uma demonstração
contábil de uma empresa qualquer que seja produzida digitalmente. Esses
balancetes precisam ser escriturados e assinados por um contador. A assinatura
digital resolve o problema... Mas a manipulação dos dados torna-se muito mais
fácil e logo, sujeita a falhas. O mesmo acontece com documentos jurídicos, que
podem ser criados com desvios dos fatos, comprometendo assim o tipo de análise.
Enfim, a problemática de criação de documentos digitais é
muito maior que essa pequena explanação acima, mas convém destacar que o papel
do arquivista é fundamental nesse processo, pois é ele quem pode definir os
mecanismos de controle desse processo.
Ao mesmo tempo que os documentos digitais nos trazem diversos benefícios, facilitando de muitas maneiras nossa vida, também trazem consigo problemas, mas que com o tempo vem sendo adotados inúmeras maneiras de melhoria.
ResponderExcluirNa palestra do Leonardo, realizada na última sexta feira, dia 11/01, lembro que, ele falando da análise diplomática feita em um dado processo judicial, citou alguns problemas que poderiam ocorrer durante o processo de montagem, que seriam a ocorrência de interrupção e alterações. Com isso acarretaria uma falta de confiabilidade de tal documento. Interessante foi, a citação da existência de um método chamado de 'trilha de auditoria', método esse capaz de identificar possíveis alterações feitas.
Acredito, que com a criação de métodos desse tipo muito problemas de fraudes poderiam ser solucionados. Em relação aos diplomas, instrumento tão importante na vida, e tão sujeito a essas fraudes, a aplicação de métodos eficientes na comprovação de fidedignidade seria ideal.
Muito se falou no post acima sobre as dificuldades e entraves arquivísticos sobre os documentos digitais, e assim aproveito para acrescentar mais a uma variável à discussão: violação de documentos prontos.
ResponderExcluirO processo de criação de um documento digital já é complicado por natureza, imagine, que após a criação de um documento, seu conteúdo possa ser alterado sem deixar rastros... como seria??
Gabriel SPEZIA 10/0101950
É sempre interessante observar a arquivologia ligado a informática, ainda mais quando se tratam da produção, gestão, preservação e custódia dos documentos digitais. Um ponto importante citado na palestra do Leonardo foi sobre a confiabilidade dos documentos digitais por meio de níveis, e que no caso dos processos judiciais eletrônicos, apesar da morosidade do Poder Judiciário, já estava se ajustando de acordo com a demanda. Também foi falado sobre a importância da presença dos metadados como meio manter o nível de autenticidade e veracidade, em âmbito nacional. Esse é um possível problema que se dará aos diplomas, como citado na reportagem acima. Talvez a grande problemática mesmo, seja a estrita ligação entre a política arquivística e a prática e o manuseio da crescente tecnologia.
ResponderExcluirMuito foi falado sobre a digitalização dos processos já existentes, muitos órgãos importantes já estão adotando esse método para que se garanta um melhor acesso as essas informações, como a ideia de se digitalizar o processo e ate mesmo o documento em si parte do ponto de economizar espaço a eliminação desse material seria a mais obvia. Contudo creio que para chegar a esse ponto ainda iremos quebrar a cabeça um pouquinho. Mesmo a arquivologia trabalhando para que isso um dia seja completamente viável o documento em papel continua tao importante quanto ele no meio virtual, digitalizado, como foi dito na aula ministrada pelo Leonardo, o documento em papel ainda tem utilidade na hora de se comprovar alguma falha no virtual. Acredito que com diplomas possa ser diferente já que são criados inteiramente digitais, o risco de um pequeno erro e quase impossível.
ResponderExcluir